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Câmara Municipal de São Desidério

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terça-feira, 19 de julho de 2011

Diversidade Biológica

"Diversidade biológica" significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. (Artigo 2 da Convenção sobre Diversidade Biológica)

         Mais claramente falando, diversidade biológica, ou biodiversidade, refere-se à variedade de vida no planeta terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies, a variedade de espécies da flora, da fauna e de microrganismos, a variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; e a variedade de comunidades, hábitats e ecossistemas formados pelos organismos. Biodiversidade refere-se tanto ao número (riqueza) de diferentes categorias biológicas quanto à abundância relativa (equitabilidade) dessas categorias; e inclui variabilidade ao nível local (alfa diversidade), complementaridade biológica entre hábitats (beta diversidade) e variabilidade entre paisagens (gama diversidade). Biodiversidade inclui, assim, a totalidade dos recursos vivos, ou biológicos, e dos recursos genéticos, e seus componentes.
        A Biodiversidade éuma das propriedades fundamentais da natureza, responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, e fonte de imenso potencial de uso econômico. A biodiversidade é a base das atividades agrícolas, pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, a base para a estratégica indústria da biotecnologia. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas, muito embora considere-se que ela seja responsável pelos processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas e espécies que sustentam outras formas de vida e modificam a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida. A diversidade biológica possui, além de seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo e estético. Com tamanha importância, é preciso evitar a perda da biodiversidade.
Fonte: www.mma.gov.br

Destino do Lixo

          O destino do lixo é (deve ser) diferente, de acordo com cada tipo de resíduo que o constitui. Entretanto, o destino mais comum que se dá para qualquer resíduo no Brasil são os chamados “Lixões”. Em aproximadamente 70% das cidades brasileiras os resíduos ainda são jogados neste destino final. 13% dos municípios destinam seus resíduos a aterros sanitários e 17% em aterros controlados. Menos de 10% dos municípios brasileiros realizam coleta seletiva e reciclagem.

          Os lixões são um espaço aberto, localizado geralmente na periferia das cidades onde o lixo fica apodrecendo, ou então é queimado. Não devem ser confundidos com aterros sanitários, pois consiste em um método que não leva em consideração critérios sanitários ou ecológicos, provocando a contaminação das águas subterrâneas e do solo e a poluição do ar com gases tóxicos.

          É muito comum também o despejo do lixo em córregos ou em terrenos baldios pela população de periferias que não recebem atenção quanto à coleta ou educação municipal. 20% da população brasileira ainda não contam com serviços regulares de coleta. Outrossim, uma parcela significativa da população “educada” e que recebe serviços de coleta joga lixo em locais inadequados como, principalmente, nas vias públicas (lamentável!).

          O lixo comum e entulhos devem ir para aterros sanitários quando não há mais a possibilidade de reciclagem ou reutilização . Os aterros sanitários são basicamente locais onde os resíduos são confinados no solo, livre do contato com o ar e cobertos com uma camada de terra. O terreno é impermeabilizado para permitir que os líquidos e os gases resultantes da decomposição que estes resíduos sofrem embaixo da terra (principalmente por bactérias) sejam drenados e tratados, para evitar a contaminação do ambiente. Ainda há falta de aterros sanitários no Brasil. Por outro lado, a maioria dos existentes não foi construída de acordo com os padrões técnicos, comprometendo o solo e os recursos hídricos. Também existem os aterros controlados que são basicamente um sistema intermediário de destinação de resíduos entre os lixões e os aterros sanitários, pois há um controle de entrada de pessoas e cobertura diária do lixo. Porém, os impactos que causam estão mais para o lado negativo dos lixões do que dos aterros sanitários, pois a contaminação do solo e dos corpos hídricos não é controlada.



segunda-feira, 18 de julho de 2011

HORTAS COMUNITÁRIAS

Por mais cidades sem fome

Hans Dieter Temp, idealizador da ONG Cidades sem Fome, conta sobre os desafios e as grandes transformações que envolvem a criação de uma horta comunitária. As 21 hortas do projeto rendem mais de 500 reais por mês para 110 pessoas carentes e beneficiam até 660 pessoas, em São Paulo. Agora, o desafio é expandir as plantações para outras regiões pelo Brasil.

No país do “em se plantando tudo dá”, e com a ajuda da tecnologia, todo solo pode ser cultivado. Isso é o que diz a experiência do gaúcho que mora em São Paulo, Hans Dieter Temp, fundador da ONG Cidades sem Fome.
No final da década de 90, quando ia visitar sua futura esposa, que morava na Zona Leste da cidade, com os pais, Hans se indignava com o grande número de lotes de terra privados e públicos ociosos que encontrava em seu caminho, muitas vezes ocupados pelo lixo. “Essa região é muito empobrecida, tida como um local dormitório: a maioria dos moradores não apenas trabalha fora, como também gasta seu dinheiro fora dali”, observa Hans.
Mas em vez de por a culpa nas autoridades públicas ou na população ou reclamar para ninguém, ele decidiu que gostaria de tentar transformar a paisagem com que se deparava, preservar o ambiente local e trazer melhorias para a comunidade. Tudo isso com uma saída simples: plantar hortas nos locais abandonados.

O que começou como um hobby se transformou em missão de vida. Nos primeiros anos, Hans tirava do próprio bolso o dinheiro para a compra e o plantio de sementes. Em uma cidade tipicamente voltada para a indústria e a prestação de serviços, o conceito de “agricultura metropolitana” – que já fazia sucesso no Canadá e em países da Europa – ainda soava estranho para o paulistano. Por isso, a princípio, não foi nada fácil convencer as autoridades públicas e mesmo os moradores locais sobre o valor das hortas em termos de nutrição, saúde e geração de renda extra para as pessoas carentes. Até hoje, no início, muitas hortas sofrem depredação.
No entanto, com o tempo, Hans, que, além da formação em Administração de Empresas, também é técnico em Agropecuária e Políticas Ambientais pela Universidade de Tübingen, na Alemanha, foi ficando conhecido por seu trabalho e acabou sendo convidado, em 2001, para desenvolver e coordenar o Programa de Agricultura Urbana da Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, que organizava o plantio das hortas. No início de 2004, ele conseguiu aprovar, na Câmara Municipal, a Lei de Agricultura Urbana, que regulamentava as iniciativas agrícolas nas cidades.
Neste mesmo ano, para dar continuidade ao projeto de plantio de hortas, Hans percebeu que não poderia contar apenas com o poder público e foi atrás da captação de outros recursos. Para isso, criou a ONG Cidades sem Fome, que recebe patrocínios de diferentes instituições, inclusive internacionais. O dinheiro financia o maquinário, as mudas e sementes e paga o salário dos técnicos.

COMO NASCE UMA HORTA COMUNITÁRIA

A ONG Cidades sem Fome identifica os terrenos ociosos e assina com o proprietário – que pode ser instituição pública, pessoa física, empresa, igreja, escola etc. – um contrato de comodato por tempo indeterminado. Caso haja outros planos para o local, a horta tem algum tempo para ser desfeita.
Antes de serem escolhidos, os locais passam por uma avaliação técnica e não podem estar contaminados com metais pesados ou óleo. O segundo critério para eleger o terreno é a disponibilidade de água gratuita, de poços ou nascentes, para irrigar a horta. A água das chuvas também é coletada dos telhados próximos e jogada em uma cisterna para ser purificada e utilizada.
Em seguida, a equipe da ONG limpa o lote, faz o aterramento e a recuperação do solo quando necessária, cerca o local, protege nascentes, revegeta alguns locais e seleciona os moradores da comunidade que irão trabalhar ali. Considerada uma oportunidade para pessoas com baixa escolaridade e muitas dificuldades de se inserir no mercado de trabalho, a decisão se baseia em um levantamento socioeconômico realizado por profissionais da área de Assistência Social da Cidades sem Fome, que prioriza as pessoas com maior grau de vulnerabilidade social. A análise leva em conta o número de membros na família, de filhos pequenos e de desempregados na casa. Hans conta que muitos migrantes do Nordeste e do Centro Oeste, que já trabalharam com a terra em seus locais de origem, se dão bem no cultivo das hortas.
Os selecionados passam por uma capacitação que tem conteúdo teórico e oficinas práticas, em uma linguagem de fácil assimilação. Também são ministradas palestras e cursos rápidos por membros da ONG ou profissionais convidados, abertos à comunidade.
Atualmente, há 16 cursos diferentes, que ensinam desde o cuidado com a terra, o cultivo da horta, o processo correto de embalagem dos produtos e as estratégias de venda, até a educação ambiental, a separação e comercialização do lixo reciclável e a reeducação alimentar. Mais de mil pessoas já participaram de, pelo menos, um curso.
As mulheres são 70% do público que comparece e se interessam, especialmente, pelos conhecimentos transmitidos pelas nutricionistas sobre como preparar os alimentos de diferentes maneiras sem gastar muito, qual o valor nutritivo de cada um deles e mesmo como aproveitar folhas, cascas e sobras. As crianças também são sempre convidadas a visitar as hortas para despertar seu interesse pela atividade.

PARA O PRATO E O MERCADO

No contato com a comunidade, muitas vezes, a ONG se depara com outros desafios sociais relacionados à falta de moradia e alimentação, por exemplo, e entra em contato com outras ONGs que atuam nesses setores para auxiliarem as pessoas que precisam de assistência. Ainda há casos em que é preciso mediar conflitos entre os moradores e encontrar soluções comuns. “Com o tempo, acabamos nos tornando referência para essas pessoas, que estão muito cansadas de promessas do poder público”, afirma Hans.
É com base no potencial de comercialização das hortaliças no entorno que se escolhe o que plantar no terreno. “As pessoas carentes têm hábitos alimentares muito restritos: arroz, feijão farinha e alguma mistura”, explica Hans. “Não adianta querer vender algo muito sofisticado para elas. Aos poucos, outras verduras e legumes vão sendo inseridos na mesa dessas famílias, é um processo lento”.
Em todas as hortas do projeto, só se cultivam produtos orgânicos. Além de não agredir o meio ambiente, a opção protege os trabalhadores de um manuseio perigoso dos insumos químicos e gera economia financeira. Para combater as pragas, são utilizadas cinzas de churrasco, cal ou calda de fumo. O esterco de galinha é o fertilizante mais utilizado. Algumas sobras de plantas também servem para adubar o solo, mas a maior parte delas tem sido utilizada para a criação de peixes vegetarianos, que também são vendidos, aumentando ainda mais a renda dos moradores.
Depois de distribuída a quantidade de hortaliças necessária para o consumo de cada família dos membros que trabalham na horta, o excedente é comercializado. Normalmente, o caminhão da ONG passa recolhendo os produtos para vendê-los. Algumas hortas também vendem escarola para duas pizzarias da cidade e há dois sacolões que foram criados por moradores da comunidade para revender os produtos. Mesmo sendo orgânicos, legumes e verduras são vendidos ao preço do mercado local, mas a ONG pensa em negociar com pontos de venda em bairros ricos para comercializar as hortaliças a preços mais altos.
O dinheiro que se consegue com a venda dos produtos das hortas vai integralmente para as famílias que trabalham no cultivo e na comercialização das hortaliças. Mas há critérios para a distribuição da renda, já que algumas pessoas se dedicam diariamente às hortas, enquanto outras vão menos vezes por semana. Há sempre uma pessoa da comunidade responsável por controlar os dias em que cada um trabalha.
“Além de uma alimentação mais balanceada e da geração de renda, essas pessoas conseguem resgatar sua autoestima e a crença de que a vida pode ser melhor. Até os índices de violência diminuem quando há esse tipo de incentivo na comunidade”, conta Hans. Ele ainda diz que, com o tempo, a comunidade se apropria do projeto e os casos de depredação das hortas se extingue naturalmente.

OS FRUTOS DAS HORTAS

Atualmente, existem 21 núcleos de hortas comunitárias no município de São Paulo que geram renda para 110 pessoas e beneficiam cerca de 660 pessoas diretamente. Normalmente, em uma área de 250 m², cada trabalhador tira, pelo menos, um salário mínimo por mês. “A maioria das pessoas, que antes recebia de R$60 a R$80 mensais, hoje ganha mais de R$500”, diz Hans. O próximo passo é fazer o projeto crescer em escala, indo além dos limites da Zona Leste e mesmo da cidade de São Paulo. O grande desafio é fazer com que as hortas se mantenham integralmente sozinhas, para que os recursos investidos possam ser destinados a novos terrenos.
A partir da ideia inicial da Cidades sem Fome, outras iniciativas surgiram. Em 2006, a Secretaria de Educação de Peruíbe, município do litoral de São Paulo, firmou uma parceria com a ONG para desenvolver o projeto “Hortas nas Escolas”, que, além de cultivar canteiros de hortaliças nas escolas da rede pública, ensinava aos alunos lições de aproveitamento de espaços, reciclagem, preservação ambiental e aproveitamento de sobras de alimentos. A merenda escolar também era fortalecida com as hortaliças, num preparado conhecido como “multimistura” nutritiva.
Mais recentemente, a ONG foi convidada a plantar hortas ao pé de um aterro sanitário para medir o grau de contaminação do local. Apesar de não poderem se alimentar do que cultivam, as pessoas que trabalham nesse projeto são pagas pelo serviço que desenvolvem. Há também algumas instituições públicas e empresas que têm convidado a ONG para fazer o plantio de flores em suas sedes.
Agora, Hans quer replicar o projeto no interior do Rio Grande do Sul, em Agudo, sua cidade natal, onde a monocultura de fumo limita as possibilidades de renda da população. Sua intenção é criar ainda um centro de pesquisa na região e convidar estudantes universitários brasileiros e estrangeiros que possam trazem novas ideias.
Fonte: [ Planeta Sustentável ]